Traficantes nas escolas: não podemos deixar de jeito nenhum

Rogério Antônio Lopes

O tráfico de drogas ilícitas invade todos os meandros da sociedade, indivíduos das mais altas castas até moradores de rua se vêem açambarcados pelo vício que potencializa a destruição de suas vidas e de todos que estão por perto, já houve casos de pais ficarem “aliviados” com a morte do filho, tal era o grau de indignidade e desumanidade a que a droga o havia lançado.
Crianças e adolescentes são pessoas em formação e com o caráter em fase de consolidação, por isso são as mais assediadas pelos traficantes: é mais fácil convencer alguém que ainda não tem um juízo formado.
Diante desse quadro a escola se apresenta, na visão do traficante, como um “terreno fértil” onde poderá plantar e colher “muitos frutos”.
Essa situação se agrava enormemente porque as famílias não tem estrutura na preparação do filho para esse enfrentamento, seja por ignorância ou por “falta de tempo” os pais acabam “achando” que a educação e algumas orientações devem ser ministradas pelos professores, eles não estão totalmente errados, só que nessa rota, várias iniciativas vão ficando a cargo dos traficantes, que sempre se aproximam como amigos e aos poucos ganham a confiança das crianças já fragilizadas pela falta de carinho e atenção dos pais e pela visão deturpada que tem dos organismos estatais, em muitos casos por falha desses próprios organismos: criança não teme traficante mas morre de medo da polícia.
O resultado desastroso desse panorama insensato e caótico, é de responsabilidade parcial dos pais, ou porque de alguma forma desviam seus filhos com seus maus exemplos ou fazem da polícia um “bicho-papão”.
É imprescindível que a criança e o jovem compreendam que a polícia é sua amiga, sempre pronta a ajudá-los, deve sim temer o traficante, este lhe causará grande mau.
Essa mudança de paradigma é fundamental na abordagem e na resolução dessa questão, é claro que a polícia também deve se abrir a esse novo modelo, acolhendo e recebendo as crianças com todo o carinho e desvelo.
Não basta o policial fazer palestra sobre drogas na escola é preciso que a criançada vá até a delegacia ou batalhão, e conheça o trabalho da polícia, sinta o ambiente e experimente a companhia saudável e amiga daqueles aos quais não deve temer, isso contribui decisivamente na mudança da sua compreensão.
Alguns projetos nesse sentido tem apresentado excelentes e imediatos resultados, porém, antes de qualquer coisa é preciso que os ambientes policiais e os próprios profissionais da segurança passem por uma “repaginação” contextual de suas posturas (isso depende do gestor da unidade), porque senão ao invés de causar uma boa impressão nas crianças a visita pode acabar tendo um efeito reverso.
Tem figura de policial que realmente mete medo e delegacias tão “agressivas e feias na questão ambiental” que os policiais não tem coragem de levar lá nem seus familiares.
Em casos assim é melhor que a palestra sobre drogas seja feita na escola mesmo, apesar de que em nível ambiental, algumas escolas não ficam muito longe das deprimentes delegacias.
Viram porque os traficantes levam vantagem ?

Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil

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