* Vicente Estanislau Ribeiro
A partir do momento em que nascemos, a cada dia que passa, morremos um pouquinho dentro de nós.
É a lei natural da vida. Entretanto, viver é o objetivo, mesmo sabendo que um dia a morte virá. E esta, é a única coisa certa e absoluta, na verdade uma questão de tempo.
Geralmente, em sã consciência, ninguém quer morrer, quer sim viver plenamente as dádivas que o Criador nos concedeu.
No decorrer da existência de cada um de nós há obstáculos de tipos e proporções variadas, quase todos superáveis, mas, quando se trata de uma doença gravíssima, aí começa a grande dificuldade, estremece sobremaneira a estrutura física, psíquica e moral da pessoa acometida pelo mal.
Além do que, sofrem simultaneamente os que estão mais próximos, os familiares, parentes e amigos.
Conforme a enfermidade, o tratamento é quase sempre fora do domicílio do paciente, uma delas, a mais temida de todas, é o câncer. Uma vez diagnosticado, aí se inicia a peregrinação, um vai e vem de hesitação e muita esperança.
Ansiedade, melancolia, abatimento, incerteza, dispêndio de tempo e pecúnia são alguns dos fatores que a pessoa abalada carrega.
Dificilmente numa família não há alguém que não fosse surpreendido pela terrível doença. Muitos não gostam nem de pronunciá-la, tal é o seu pavor. Mas, ela é real e pasmem, abrange uma infinidade de pessoas e só damos conta do fato quando temos que enfrentá-la direta ou indiretamente.
Há um ditado popular que diz assim, “Deus nunca vai te dar o que você não pode suportar”. A Bíblia diz que há fardos que devemos carregar, e outros que só o Senhor pode carregar.
Aqui não estou tratando do peso material, mas sim, do peso e fardo do sofrimento e suas consequências.
Duas estrelas internacionais, antes de morrer, assim disseram: Elvis Presley: “Eu daria um milhão de dólares por um pouco de paz e descanso”, seu fardo era o emocional; Marilyn Monroe: “Não posso mais”, seu fardo, as frustrações.
Aqui na comunidade jacarezinhense, tínhamos também a nossa estrela, ao contrário dos famosos acima, ela carregou calada e heroicamente o seu fardo com paciência, fé, resignação, amor, sabedoria e uma enorme vontade de viver. Foi um exemplo de mulher, esposa, mãe e cristã. Já com a doença há uma década, combatendo-a bravamente, nunca desistiu, não se curvou, jamais sucumbiu, nunca presenciei lamúrias ou reclamações de sua parte.
A sua característica maior, era o seu meigo sorriso, onde quer que a encontrasse, lá estava ela, sempre alegre, firme e otimista. Lutou como David, se agigantou atirando pedra sobre a doença e venceu o seu fardo.
A sua luta chegou ao fim na quarta-feira do dia 28 de março, aos 49 anos, deixando o esposo Júlio César Marinho da Silva e quatro filhos: Jackeline (28), Gabriel (27), Lucila (24) e Marta (21) anos e um belo exemplo e testemunho de vida.
Faço aqui uma singela, porém, justa homenagem a Dolores Ferreira Marinho da Silva, carinhosamente chamada de Dolores do Banestado.
À família os meus sentimentos de solidariedade, nesse momento de profunda dor e tristeza; mas, ao mesmo tempo, repasso uma frase de Charles Chaplin: “Um dia sem sorriso é um dia desperdiçado”, e você, Dolores, não desperdiçou um dia sequer de sua vida.
Descanse na paz do Senhor!
* Vicentinho é licenciado em historia e bel. em direito.
E-mail: ver_vicentinho@yahoo.com.br
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